Clara não sabia o que dizer. Nunca se sentira muito atraída pelo espírito carnavalesco, nunca lhe tinham chamado a atenção as serpentinas, os gigantones ou qualquer corso.... Talvez pelo seu medo inexplicável de palhaços...
Contudo, agora era diferente. Ricardo convidara-a para ir com ela a um Baile de Máscaras. E ela sabia que era uma oportunidade fantástica de falarem sobre o que havia acontecido entre eles na noite anterior.. Só que... Ela não fazia a mínima ideia de como se mascarar e não queria fazer figura de parva. Não sabia o que fazer.
Depois de algumas horas passadas a passear pela baixa de Lisboa, entrando em todos os recantos que fossem uma loja à procura de adereços, ela estava feliz. Tinha encontrado o disfarce perfeito.
Iria vestir-se de dama antiga: tinha comprado um vestido de época, com aqueles folhos e rendas característicos; tinha também conseguido uma sombrinha e umas luvas de renda a condizer com o vestido e um gancho perfeito e sublime para o seu cabelo tão volumoso. Talvez até ficasse bonita.
Quando chegou o dia do baile, Clara acordara numa excitação incrível. Inquieta, ansiosa, já nada a parava. Foi então que recebeu um cartão no correio que dizia
"Espera pelo teu cavalheiro em casa. Ele irá aparecer."
Sabia que era Ricardo, reconhecia a sua letra, mas o que quereria ele dizer com aquilo?
À hora marcada, a campaínha soou. Clara estava perfeita. Saiu de casa e ficou atónita. Deparou-se com uma charrete muito bem tratada, e, ao lado, Ricardo vestido como um cavalheiro perfeito para a personagem que ela era naquele dia, com um ramo de flores.
- O teu cavalheiro está aqui.
-Mas Ricardo, como soubeste qual o meu disfarce? - Clara estava atónita.
- O destino disse-me. Ele quis que ficássemos juntos.
Um beijo apaixonado selou aquelas palavras. Estavam perfeitos. Um para o outro.
[texto para a Fábrica de Histórias!]